Políticos não podem entender que “estão acima dos mortais”, alerta Cortella

  • Por Jovem Pan
  • 29/01/2018 14h21
Johnny Drum/ Jovem Pan

Convidado do Pânico na Rádio desta segunda-feira (29), Mario Sergio Cortella não se esquivou de comentar sobre os acontecimentos turbulentos na política que, conforme ele avaliou, são desdobramentos de “falta de cautela” e deslumbramentos.

“Personagens da nossa política precisam de cautela para não assumir a perspectiva de que estão acima dos mortais. De maneira geral isso leva ao desastre”, alertou o filósofo. “Os que estão na cadeia achavam que nunca iriam ser presos. A suposição de que não tinham calcanhar de aquiles é ruim”, completou.

O processo envolvendo Lula é um exemplo disso, uma vez que o ex-presidente “se deixou seduzir por coisas que é preciso cautela quando está no poder”. “A ele e a outros faltou a percepção de que você não é invulnerável aos que estão a sua volta nem à sedução do elogio”, disse.

“Trabalhei quatro anos na eleição de [Luiza] Erundina e em nenhum momento ela subiu acima do nível em que tinha que estar”, comparou.

Apesar do momento instável que o país vive, Cortella diz sentir uma “felicidade cívica”: “nunca tivemos um país que está pensando em política como hoje”. “Se você perguntar o nome dos jogadores da Seleção, poucos sabem, e há 10 anos saberíamos. Se perguntar o nome de 5 ministros do STF todos sabem. O futebol nos importa menos e vivemos um momento em que a política passou a fazer parte”, explicou.

Para o filósofo, no entanto, há uma armadilha que pode impedir a melhora no cenário: a falta de diálogo. “Não existe diálogo quando a conversa começa com ‘de que lado você está?’. É negativo que o país não seja capaz de conversar em um momento tão especial. A incapacidade de diálogo fratura a democracia”, afirmou.

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