MV Bill condena funks pornográficos e defende: “essas músicas incitam” crimes e violência

  • Por Jovem Pan
  • 13/04/2017 14h14
Johnny Drum/ Jovem Pan

Um dos maiores nomes do rap no Brasil, MV Bill esteve no Pânico na Rádio nesta quinta-feira (13). No programa, ele defendeu o rap de raiz, com suas denúncias sociais, e condenou os funks pornográficos que acabam por incitar certos tipos de crimes e violências.

“Já fui muito defensor do funk, mas era outro tipo de funk. Hoje ele mudou e começou a falar de coisas pornográficas”, falou. “A música é só baixaria, muito retrógrada e um desserviço prestado principalmente quando fala de ‘novinhas’ se referindo a crianças de 13 e 14 anos; isso é pedofilia”, defendeu.

Para o rapper, os funks de hoje, que são cantados até por crianças, podem incitar ao crime. “Os funks mais esdrúxulos são os que tocam nas favelas onde as pessoas têm menos instrução e incita [esses comportamentos]”, afirmou. “O funk contribui para a gravidez precoce”, exemplificou.

Questionado se deveria haver alguma censura nas letras de funk, MV Bill negou: “é questão de bom censo e não de censura”.

Ao defender o “rap da porrada” nos dias de hoje, com suas denúncias sociais e raciais, o rapper disse acreditar que é o rap que conseguirá unir as pessoas no atual momento de caos político.

“As músicas de maior sucesso são as com refrãos e letras mais rasas. Com o crescimento econômico do Brasil em certo momento, as pessoas de baixa renda que conseguiram um pouco mais de renda e se esqueceram dos primórdios”, afirmou. “Mas hoje, com o Brasil divido pedindo democracia, o rap que fala a realidade volta de forma automática. O rap vai ser ainda mais consultado e pode até unir as pessoas que estão divididas”, defendeu.

E em tempos tão caóticos, MV Bill valorizou a importância também de músicas mais leves e até românticas, como as mais recentes de Mano Brown. “Não é protesto o tempo inteiro, a gente precisa do entretenimento e do romance”, falou.

Malhação

Em 2010, MV Bill surpreendeu muita gente ao entrar para o elenco de “Malhação”, na TV Globo. Agora, sete anos depois, ele vê a experiência como positiva para quebrar estereótipos.

“Fui um dos caras a quebrar ‘o que pode e o que não pode’. Foi demais pra mim quebrar a televisão e abrir caminhos para que novas gerações viessem sem rótulos e para fazerem o que quiserem”, afirmou.

Para o rapper, a forma como abordaram assuntos necessários de serem debatidos foi mais um mérito da novela. “É um programa cercado de futilidade e abordamos o alcoolismo, drogas, gravidez precoce. Eu mesmo era um professor que vinha da favela, não tinha precisa do sistema de cotas, mas era a favor”, lembrou.

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